sábado, setembro 23, 2006

Os olhos cor de riacho

O cavalo e o moleque eram um só. Não podiam ver alguém com chicote que davam coices para todos os lados. Já com cabresto Fantasma era mais conivente do que o outro, que, por sua vez, aceitava mais essa coisa de roupa. Não gostavam muito de andar. Da estrebaria ao Bambusal cansariam se fossem trotando, mas do Bambusal até o rio, nem o Capeta conseguiria alcançá-los! Irmãos, filhos de truta, poderiam passar a manhã pulando nas pedras, subindo a correnteza e assustando os peixes menores. Apesar das barbatanas, faltavam-lhes guelras, e quem precisaria delas se costumavam voar rente ao chão? Talvez hoje, já que estavam nas águas dum ribeiro cuja cabeceira tinha sangrado. Faltaram ao almoço e houve quem dissesse que voaram para além das nuvens. Rompendo o silêncio, somente os cururus e as cigarras anuncivam o fim do dia.

Ainda não era noite.

0 comentários: