quinta-feira, dezembro 31, 2009

Nada de hora extra

Chegou às 7:09 da manhã no trabalho. Antes dele, já tinham chegado outros dois: o primeiro às 6:30 e o outro às 6:50. Outros chegaram depois. Era o último dia do ano. Cada um cumpriria sua jornada de quatro horas e partiria para aproveitar as últimas horas do ano.

Finalizou um ofício para a gerente-geral substituta; reimprimiu o ofício, porque o prazo para resposta estava pequeno; tomou o café e o chá que o garçom trouxera; procurou um AR que poderia ter extraviado em duas gerências; conversou com o protocolo na esperança que eles tivessem o controle da correspondência; atualizou a planilha de progresso dos processos de fiscalização; tomou mais uma xícara de chá e um copo d'água; agradeceu o serviço e recebeu os cumprimentos do garçom que também partia para seu réveillon; despediu-se dos colegas que tinham chegado primeiro e já estavam de saída; anotou as pendências de cada processo, quando sua gerente o interrompeu: "O que é que você está fazendo aqui, menino? Já deu sua hora! Querem que pensem que eu sou uma gerente exploradora, é?".

Nem se deu conta da hora. Também não estava tão empolgado para sair do trabalho. O que era o hotel, quando se queria estar a 2.250km a leste dali? A despeito disso, estava bem. Havia uma expectativa. A dois passos do paraíso, como diria Evandro.

quinta-feira, novembro 05, 2009

De Modo Algum, Nunca, Jamais

Quando era pequeno, dizia que odiava suco de ameixa. Meu pai me forçou a experimentar e, na hora, disse que era horrível, mas se tornou um dos meus sucos preferidos.

Um tempo atrás, uma namorada me disse: ou você aprende a dançar forró ou a gente termina o namoro. Besta e apaixonado, comecei a aprender a dançar. Dizia que só estava fazendo aquele sacrifício por ela, porque, mais entrevado do que eu, impossível. Contudo, a dança se tornou algo tão legal que hoje faço dança de salão e frequento bailes regularmente.

Esporte sempre foi algo que nunca mereceu qualquer compromisso de minha parte. Entretanto, meu ortopedista disse que eu estava obrigado, o resto dos meus dias na terra, a fazer natação. Lamentei amargamente, claro. Pouco tempo depois, já estava nadando sempre que possível, preferencialmente no mar, no mínimo, 1km.

Na natação, meu professor disse que meu tempo com ele estava com os dias contados e que ele já tinha conversado com a técnica da equipe de competição do estado e era pra lá que eu deveria ir. Eu argumentei que odiava competir e que não tinha espírito competitivo. Agora que terminou o Campeonato Brasileiro de Masters de Natação, a equipe e eu, já estamos super-empolgados para participar do próximo e para ganhar mais medalhas.

Quando estava na faculdade, e mesmo depois de formado, sempre disse que nunca seria advogado, que não tinha jeito para a profissão, etc. É... Pois é... Pura ironia, não?

Só peço a você, meu caro e estimado amigo, por favor, não me obrigue a fazer absolutamente nada que você já sabe que vou odiar, certo?

sexta-feira, outubro 30, 2009

Transparente

Amiga, perdoe minha masculinidade.

Amo cada hora que passo contigo, a troca de confidências, as caminhadas na areia, a contemplação do céu, o nascimento da lua, a leveza com que danças comigo. Fico ansioso para te contar as as novidades e as bobagens. Divirto-me com as suas histórias, com as suas fantasias, com seus desmantelos e confusões. Considero que és o tipo de pessoa que é companheira para a vida toda. Mulher que é dádiva para o homem.

Mas (sempre tem um "mas") não sinto o mesmo que sentes por mim. Não me entenda mal. Eu queria sentir, mas sou escravo da minha masculinidade, dos meus olhos, para ser específico.

Hoje entendo o conflito de Brás Cubas. És minha Eugênia. Meus olhos não veem a beleza que tens. Proíbem-me de desejar-te.

quarta-feira, setembro 30, 2009

Brev-ida-de...

Correu e, onde o chão acabou, saltou.

Na ascensão, abriu os braços como um pássaro, pôs a cabeça para trás e estufou o peito. Estava alçando voo, libertando-se do chão, exibindo sua leveza. O sol, a brisa, os irmãos pássaros, o planeta inteiro compunham a cena que pintor nenhum conseguiria capturar. Seu corpo refletia o brilho do sol e sentia-se quase tão quente quanto. O peito rimbombava sem nenhuma discrição. Seu rosto não escondia o gozo. Transcendia.

No instante seguinte, pôs os braços a cima da cabeça que reclinava, preparando-se para o mergulho. Estava pronto para descer às profundezas da terra. Mergulharia no desconhecido. Essa realidade iminente não lhe trazia temor. Ao contrário, exitava-o ainda mais. Aguardava pelo contato. Já provara suficientemente o céu. Rijo feito um torpedo desceu.

Desde o salto até aquele momento, que fração do tempo transcorrera? Seu relógio só marcava em eternidades. Até ali já tinha se passado algumas.

Quando os dedos tocaram a superfície, descobriu que não havia profundidade. Não portava um cinzel para penetrar numa rocha. E tal como um torpedo, destruiu-se no obstáculo. Não imaginava que estava mergulhando num lugar tão raso ou que encontraria um obstáculo tão cedo. Talvez houvesse sim, profundidade, mas colidiu em algo intransponível. Não conseguiu furtar-se daquele fim.

Despedaçado ficou, mas não por muitas eternidades. Por uma fração de tempo pensou se poderia ter sido mais prudente e, quase imediatamente, demoveu essa ideia. Prudência serve apenas para a exatidão matemática. O sentimento é imprudente. Em breve, sararia e saltaria novamente.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Firewall ineficiente

O que é isso que me move a fazer algo por ela, para o proveito dela, que ela nunca saberá o quanto me custou, mas que faço sem questionar?

O que é isso que converte sua satisfação em paga suficiente pelo energia dispendida e pelas horas consumidas unicamente no intuito de surpreendê-la?

Posso apenas sugerir que houve uma falha na minha programação, talvez um ataque viral, muito embora não consiga diagnosticar com precisão a fonte do erro, nem isolar as sub-rotinas atingidas em meu sistema.

Ela deve ser uma hacker.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Num reino não muito distante...

Muito me entristeci com as notícias do mensageiro.

Mais de 210 mil ducas foram roubados pelo conselheiro do rei, representante do condado das florestas de Avilan, Thurar Liovigi. Quando foi descoberto, imediatamente devolveu a quantia e arquivaram a denúncia. Ante este fato, ainda discursaram no Conselho Real apontando-o como exemplo de transparência e honestidade.

Numa nota não muito distante dali, 5 centímetros, aproximadamente, conta a história de um menor L. E. S. O. que furtou um chapéu e uma bengala de um Lord foi pego pela cavalaria real. Apesar de devolver os objetos furtados e não poder ser levado ao cárcere, o menor foi internado na Santa Casa da Misericórdia do Lago de Março com uma costela quebrada e vários hematomas pelo corpo. A irmã, que não quis identificar-se, informou que se ele tivesse dois anos a mais, teria ido direto ao cárcere, naquele estado de saúde.

sábado, julho 18, 2009

Entre 2 e 36 mil quilômetro de altura, não há nada humano

Para trabalhar no setor de telecomunicações, um advogado deve ter noções de engenharia elétrica, economia e contabilidade. No curso de nivelamento proposto, o termo "noções" transformou-se em 2.180 gramas de papel ofício, um pouco mais de 450 páginas ministradas em 80 horas, durante 10 dias.

Na apresentação dos modelos Top-Down/Bottom-Up, um aluno menos atento poderia facilmente sair da órbita satelital ou ficar no ângulo de queda da cabeça, vulgo cochilo. O perigo maior é se sonhar sobre como aplicar o FUST e despertar caindo.

quinta-feira, junho 25, 2009

Prazer em conhecê-lo!

– Já que vamos dividir o quarto esses dias, é bom que possamos nos conhecer antes do curso.
– Não se preocupe, sou uma pessoa de boa convivência, um cara legal.
– Isso todo mundo diz. Eu quero estudar no quarto. Quero silêncio. Como eu sou da filosofia "o que vier é lucro" é mais fácil mostrarmos o lado negativo: sou chato e metódico. E você?
– Misturo-me em qualquer grupo sem expor-me, dificilmente as pessoas entram na minha intimidade; minto facilmente quando me convém; sou hipócrita em relação a credos que não afetam minha vida; é extremamente prazeroso e divertido ser cínico; sou muito vaidoso e minha vaidade reside no que sou, não no que tenho ou visto; gosto de elogio, mas não me incomodo em nada quando sou lisonjeado, provavelmente porque também sou lisonjeador, se me apraz.
– RP? Jornalista?
– Advogado.

sexta-feira, junho 12, 2009

Time Warp

Trabalhar diretamente com órgãos públicos traz certas surpresas. Em Cabedelo, a quarta-feira era feriado local, na quinta seria feriado nacional e, por isso, acharam por bem enforcar a sexta-feira para que todos, menos eu, ficassem felizes com um feriadão de cinco dias.

Se eles podem ter 5 dias de feriado, posso desviar da rota por 5 minutos e tomar um café. Existe um ótimo café no Shopping, numa área mais tranquila, longe da agitação da praça da alimentação. Lá eu fui e, estranhamente, muitos outros decidiram também ir. Quase não havia mesa livre. Seriam todos cabedelenses?

Não passou muito tempo, mais ou menos entre o terceiro e o quarto gole, uma senhora pede-me licença para sentar à mesa. Justificável, em face da lotação completamente desproporcional para aquela hora da manhã. Anui antes que ela terminasse a frase. Apenas quando ela sentou que pude reconhecê-la. Fazia 25 anos desde a última vez.

Minha antiga professora de inglês, por quem eu era completamente apaixonado, não havia perdido nenhuma fração do seu charme naqueles longos anos. Sandra continuava com olhos e sorrisos que penetravam na minha alma. E ainda me fazia babar. Disse meu nome apenas uma vez, só para que eu tivesse certeza que foi ela que me reconheceu à primeira vista. Dali adiante, eu era o "Honey" de 25 anos atrás, mas ela me corrigiu nas três vezes que a chamei de professora. "Sandra ou Sandrinha", puro e simples, soava estranho.

Será que ela tinha noção do que ela significava naquele passado longínquo? Será que eu tinha noção do que ela ainda representava para mim? Questionamentos esses que eu não ousaria indagar nem após as trocas de números de telefone.

Passaram-se duas xícaras grandes e foi pouco para atualizarmos um da vida do outro. Quem sabe no almoço, na próxima segunda-feira, ela me diga como conseguiu romper as dimensões do espaço-tempo.

sábado, maio 23, 2009

Açúcar ou Adoçante?

Perto a trigésima volta ao redor do sol, ela percebera que tudo precisava de um "Plano B", na frente da atendente do Café Aurora.

Após recebermos o pedido, parecia que estávamos sozinhos no Café. Lambendo o ganache da colher como quem tinha metade da idade, falava dos planos frustrados ao tom de piada. Solidarizei-me. Já saí do "Plano A" algumas poucas (milhares de) vezes. E do "Plano B". E do "C"... A depender da área da vida, já zerei o contador de planos.

Quem faz planos tem que aprender a fazê-los livres, para mudar conforme o vento. Eu faço planos, sou um planador.

Ela disse que era o acaso e, no ocaso daquele dia, no meio do último biscoito, não tinha planos para a noite. Mentira.

terça-feira, maio 19, 2009

Please, Donate Life

Desde que me entendo por gente, sempre quis doar o que pudesse aproveitar do material genético que trago comigo. Dizia à minha família: "não quero ser comida de verme, assim que eu morrer, podem doar o que se aproveitar. Quanto ao resto, botem fogo para não gastarem com sei lá quantos quilos de carne dentro de um caixão". Tinha esse tipo de consciência sem nem ter noção dos custos com os serviços funerários ou mesmo com a cremação.

Eu simplesmente não conseguia conceber qualquer noção de respeito a um cadáver, ainda que tivesse visto e participado do enterro, naquela época, de minha bisavó e avô maternos. Obviamente eu era capaz de respeitar a dor e o momento dessas cerimônias e senti a falta de meu avô e das brincadeiras que tivemos, mas aquele que estava no caixão, com algodão nos ouvidos e nariz, definitivamente, não era mais meu avô. Depois de implicarem tanto comigo, deixei essas conversas de lado.

Em mil novecentos e cocada, houve uma campanha da Cruz Vermelha na universidade onde eu estudava para a doação de sangue. Acredite, não é só aqui no Brasil que é difícil encontrar doador. Lá fui eu:
– Hi, I want to donate blood.
– Good morning! It's good to hear that! Come with me, please... You're not from here, are you? So, where're you from?
– Brasília, District Capital of Brazil.
– Oh! You're a foreign student. Nice! Let me see the chart here. Hm... Brazil... I'm sorry, you can't donate. Brazil has malaria.
– Don't worry! I never had it. Malaria can be found in the Rain Forest. I live in "dry land". Paraíba, the state where I live in, is far from Amazônia. I've never been any close from that disease.
– I'm sorry. Your country didn't eradicate malaria. You cannot donate.

Para quem tem renite alérgica, estar livre de qualquer funga-funga é algo que deve ser bem explorado. Quem tem esse tipo de coisa, nunca sabe se está gripado, ou numa crise alérgica, ou com renite, ou se apenas mexeu em algo que não devia. Miraculosamente, esta mazela tirou férias sabáticas das minhas vias aéreas já faz quase um ano e, recentemente, ouvi que eram necessários doadores. Dezessete anos depois, lá fui eu, de novo:
– Cirurgias? Além dessas simples de pontos em cortes e de um pino que coloquei, fiz tireoidectomia parcial.
– E você fez essa cirurgia por quê?
– Cresceu o nódulo e disseram que era pra remover. Mas era benigno e não alterava em nada na minha vida. Não preciso tomar remédios nem nada.
– Você teve hiper ou hipotireoidismo? Sabe qual era o nome do nódulo?
– Nenhum dos dois. Meus níveis de hormônios sempre estiveram OK. Agora, o nome? Sei não. "Fernando"!? Ele veio e foi e nunca soube o nome dele.
– Adenoma, Bócio, Hashimoto, Cisto, Riedel, alguns desses nomes lhe soa familiar?
– Eu só soube que era um nódulo e não deveria me preocupar, bastava tirá-lo.
– Se você não sabe o que é, eu também não sei. Quem sabe não era autoimune? Não posso deixar que você doe, posso colocá-lo como inapto definitivo...
– Calma! Eu posso trazer a documentação que tenho e você pode ver se posso ou não doar.
– Tudo bem, mas você também pode consultar seu endocrinologista.
– Ele já se aposentou. Teria que procurar outro. Vou juntar os exames que tenho e mostrarei ao senhor.

Cinco dias depois, venho com a documentação. Ao doar sangue, a pessoa não pode fazer atividade física por 12 horas. Por isso, só hoje pude vir.
– Bom dia, vim na quinta passada para doar, mas o médico me pediu que eu trouxesse uns exames a fim de verificar se posso ou não doar sangue.
– Bom dia, que bom que você veio doar! Sabe que isso é um gesto de amor e solidariedade? Sua identidade, por favor... Senhor, aqui diz que o senhor está inapto até 2036. O senhor poderia me acompanhar até o serviço social?

Minha sorte foi descobrir, no Hemocentro, uma conhecida de infância e, graças a Deus, era a médica do dia. Após ver meus exames e verificar que não há nada que me impeça de doar, fez a gentileza de acompanhar-me por todas as salas e terminais tentando desbloquear meu cadastro – a única coisa que, naquele momento, estava impedindo a emissão da abertura do meu protocolo para a doação. Uma hora depois, o analista do NPD garantiu que, à tarde, meu nome estaria liberado, o que significava que eu não poderia doar hoje e como minha amiga só trabalha às terças e sextas, o melhor era aguardar mais uma semana.

Espero que a pessoa em favor de quem irei – esperançosamente – doar sangue sobreviva até lá.


Mais informações sobre o assunto, clique aqui.

terça-feira, maio 12, 2009

Rai caiu

Borboleta sem asa, lagarta.
Cão sem dente, estorvo.
Deixou-a, roubando-lhe seu melhor.

Leite talhado.
Roupas folgadas.
A dieta funciona, mas não é publicável.

quarta-feira, maio 06, 2009

Tweets

A mentira "quase" vira verdade. Elegi Abril, "o mês mais pesado do ano", principalmente por causa dos feriados – onde nada funciona, só eu.

Assim como o médico, é impossível de furtar-se de consultas gratuitas o advogado. Problema é ser tomado por Defensor Público dos conhecidos.

"A imensidão de processos por dano moral transformou o dano num danoninho." – Argumento da Conciliadora do Procon para fechar um acordo.

Senhorita autora, não adianta falar com essa voz ao telefone. O que foi acordado em audiência é o que será cumprido.

Não, senhor, 20% não é um teto aos honorários. O senhor também não trabalharia para alguém por 6 ou 12 meses para receber apenas 100 reais.

Finalmente encontrei um bom argumento contra quem coloca culpa de ser o que é na carga genética, na Veja, quem diria.

"Eu sei que a pista está bloqueada. É só tirar afastar o bloqueio que meu carro passa." – Bom saber disso, nunca mais lhe peço carona.

Senhor fiscal, o detector de metais está apitando apenas por causa do meu pino. Não tenho como removê-lo para entrar no banheiro.

O trânsito sempre está livre para quem não tem pressa. E sempre tem milhares de motoristas sem pressa na minha frente. É fato.

A grande maioria da população brasileira jamais saberá o que é ser responsável pelo IRPF da família (pai, mãe e irmãos), principalmente dum ano que envolveu bens derivados de doações, herança e antecipação da legítima, interferindo nas declarações de um pouco mais de duas dezenas de outros parentes, discussões com dois contadores e visitas à Receita Federal. Fechar tudo com todos os declarantes faltando 29 horas para o fim do prazo, enviar e imprimir tudo às 2:40 da madrugada do dia 30 promoveram um estresse que nunca caberia em 140 caracteres.

Nunca queira patrocinar a causa de um autor contra cinco réus, sozinho. Analisar quase 40 documentos e preliminares múltiplas é fadigante.

Qualquer concursado perde 90% do seu QI quando começa a trabalhar num cartório. Só pode ser. Definitivamente é uma hipótese a considerar.

Depois que se aprende a olhar como camaleão, não há mais estresse no caminho de volta pra casa. Filmes em partes e episódios tranquilizam.

Preciso voltar a estudar. Não posso ir ao cinema num domingo, ou a uma peça de teatro. E nem sonhar em ir para um show pagando inteira.

Blog? O que ser isso? MSN? Gtalk? Feeds? Livros? Estou precisando de um pouco de abobrinha e cultura na minha dieta.

Nem lembro a quanto tempo a ideia de Borges martela-me a pedir por um post: "porque a tradição é fruto da memória e do esquecimento". Ei-lo.

Certo amigo disse que muito trabalho gerava posts curtos e interessantes. Discordo completamente.

quarta-feira, abril 01, 2009

RIP

Este blog morreu.

Novas postagens hipotética e possivelmente poderão existir aqui.

Grato pela atenção.

terça-feira, março 10, 2009

Nietzsche, Nicht!

"És escravo? Então não podes ser amigo.
És tirano? Então não podes ter amigos.
Há demasiado tempo que se ocultavam na mulher um escravo e um tirano. Por isso a mulher ainda não é capaz de amizade; apenas conhece o amor.
No amor da mulher há injustiça e cegueira para tudo quanto não ama. E mesmo o amor, reflexo da mulher, oculta sempre, a par da luz, a surpresa, o raio da noite.
A mulher ainda não é capaz de amizade: as mulheres continuam sendo gatas e pássaros. Ou, melhor, vacas.
A mulher ainda não é capaz de amizade. Mas dizei-me vós homens: qual de vós outros é, porventura, capaz de amizade?
"
Trecho retirado de "Do Amigo" em "Assim falou Zaratustra", por Friedrich Nietzsche.



Da escravidão e da tirania inerente ao ser humano em sua relação amorosa, poderia dizer que existe a mesma essência tanto num quanto no outro sexo. No amor não há justiça, senão diante do quase impossível fato de se estar diante de pessoas que conseguimos amar na mesma forma e intensidade. Mas, Nietzsche, por que fostes tão burro ao igualar os sexos na incapacidade de ter amizade no lugar de reduzi-los à mesma loucura do amor?

Junto com os sexistas, abomino os esteriótipos e toda forma de imposição de um pensamento convencional social. Não existe um homem submisso? Não existe uma mulher autoritária? Um homossexual não pode ter moral? Um criminoso não possui dignidade? É tudo uma questão de opção? É tudo uma questão de determinação? É-me repugnante todo estigma social.

Não consigo dizer, como Voltaire, "Posso não concordar com o que dizes mas defenderei até a morte que tenhas o direito de dize-lo", porque até mesmo a expressão do pensamento pode ser uma forma de violência ao próximo. Portanto, haveriam regras de pensamento que seja absolutas? Eu creio que há. Nem tudo é relativo. Ainda que não seja absoluto o conceito de "violência ao próximo", quase sempre posso assumi-lo como um valor acima dos demais nas regras de convivência social. Quase poderia concordar com Clarice Lispector quando ela pede: "Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então", se não houve pessoas com quem eu me importasse. Não concordarei com ninguém hoje!

Caro, Nietzsche, lamento por não terdes conhecido as mulheres com quem me envolvi e outras tantas que cultivo admiração e amizade. Melhores que eu em muitos aspectos. Femininas, guerreiras, tresloucadas... e, ao mesmo tempo, meu baluarte.

quinta-feira, março 05, 2009

Regrado

Passar sete dias sem almoçar e viajar 1.650 km de carro em três dias definitivamente não faz bem à saúde, mas ensinaram-me que não fui talhado para ser caminhoneiro.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Deadline

O melhor do "prazo" (além de inibir o sono e o apetite) é que te faz realizar em 24h o que não se fez em uma semana.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Adrenalina

...por isso, a afirmação de Borges faz todo o sentido. Um conjunto de más ações vão, em algum momento no tempo, causar um bem, se já não foram, elas mesmas, consequência de uma ou mais ações aparentemente positivas. Eu sei que você é espírita e não estou querendo implicar com a sua religião, mas, suponto que existam imortais, tempo não é problema – a não ser que a Terra exploda ou venha uma Era do Gelo –, certo? Então... veja a Lei Maria da Penha – que para mim é questionável, mas para você é excelente – é resultado de uma infinidade de más ações no passado. Não se pode questionar que ela é boa em muitos aspectos, mas mesmo nesses aspectos, o que me garante que ela não vai acabar sendo usada como o CDC, que a princípio era excelente e hoje é usado por muitos consumidores como máquina do dano moral? Como estava dizendo, esse ciclo de bem, que gera o mal, que gera o bem, que gera o mal é infinito. Não tem fim. Do ponto de vista humano, estamos sempre ligados a essa dicotomia que, segundo Borges, acabaria por anular o sentimento de piedade, e, principalmente, o valor de bem e mal. Eu acho que, nesse caso, ele viajou. Mas, tudo bem, respeito a sua religião e a loucura dele. Afinal de contas, louco por louco tem o vampiro Lestat, que sempre achou que a vida era aqui, e viu o que aconteceu com ele depois que se deu conta que estava errado. Por falar em loucura, A História da Loucura, de Foucault, está em promoção. Depois de ler, você pode se perguntar se em algum momento histórico, ou atual, seu bilhete à Nau dos Loucos não estaria garantido e, talvez, até questionar se sua sorte é boa ou má por estar aqui, fora do internamento, tendo em mente o que Borges disse...


Não sei o que é pior: se o abismal contrate entre a radiante excitação de quem fala e a funesta inércia de quem ouve; ou a expressão de absoluta incompreensão do pensamento alheio; ou a refinadíssima capacidade de deixar a pessoa profundamente constrangida, sem graça, com a sensação que de ter sido, no mínimo, inconveniente.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Aquiles

"Pois são as Preces, nascidas do Crônida Zeus poderoso,
coxas, de pele enrugada e de olhar indeciso e desviado,
as quais se afanam no encalço da Culpa, tentando alcançá-la.
Esta é, porém, vigorosa e de pés mui velozes; por isso
a todas elas se adianta, causando, onde quer que se encontre,
dano aos mortais, ao que as Preces procuram, depois, dar remédio.
Quem, a estas filhas de Zeus, ao chegarem, demonstra respeito,
delas obtém só vantagens, por serem seus votos ouvidos.
Mas, se, obstinados os homens ouvidos, acaso, lhes negam,
as Preces, logo, a Zeus Crônida sobem e, em instantes, suplicam
que sempre a Culpa os torture e que tenham, com o dano, o castigo.
"
(Ilíada, IX, v. 502-12)


Rastejava serena a noite e já era tarde. Ausente o Sono, as pálpebras insistiam erguidas em vigília.

Não haveria remissão à traição da mulher. As atenuantes do réu deveriam ser rechaçadas. A realidade não era passiva de perdão. Do réu não tinha certeza a autoria, ou sequer a culpabilidade, mas quem não era culpado? Inclusive ele, "o fiscal da lei", traíra sua esposa de modo ainda mais gravoso do que o dela, num congresso entre seus pares. Era dia. Em breve estaria no Tribunal do Júri. Entrementes, Hades, pessoalmente, consumia-lhe o estômago em chamas. Não seria seu melhor júri aquele.

Por muito reverberar nos pensamentos, a poesia homérica revelara o imo de sua inquietude. Os pés ligeiros da Culpa haviam-no alcançado de forma mais vigorosa do que pela ira fora tomado naqueles dias. Por não ouvir tantas súplicas, numa surdez seletiva, receou a fuga real da audição. Perdera o norte cumprindo cotas de condenações. Danara-se sem dar-se conta.

Sentiu falta da infância. Do prazer em ajudar. Dando um pouco de tempo e praticamente nada a quem absolutamente nada tinha. Carecia dos trabalhos na igreja, dos orfanatos, dos asilos. A gratidão vinda do socorro enchia-lhe a alma com uma plenitude que nenhuma convicção dada pelo júri poder-lhe-ia conceder.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Some people just don’t have any luck

Confesso que fui apresentado a Woody Allen cedo demais e, por isso, sou meio traumatizado com seus filmes, principalmente se envolver um peito gigante destruindo a cidade. Mas como sou brasileiro e não desisto nunca, aceitei a recomendação de uma amiga: experimentar Woody Allen temperado com Scarlett Johansson. A pedida é levemente picante e com um aftertaste ligeiramente amargo e, como todos os filmes de Allen, é servida crua. Se você odeia spoiler e não assistiu Match Point (2005), convido-o a parar imediatamente a leitura, retirar-se da sala, ir numa locadora, pegar o filme, comprar pipocas e, depois de cumprir essa maratona, voltar daqui a 124 minutos.

Citada quatorze vezes e aparecendo em dezoito cenas, a grande personagem dessa história é a sorte. Sobre ela o autor discursa e usa os demais personagens humanos meramente como exemplos vivos. A hipótese levantada pelo protagonista é bem clara: sorte é o maior valor que se pode aspirar, não a bondade e, com sua licença, incluo a justiça, a nobreza e qualquer outro sublime valor moral. Com isso em mente, o protagonista é apresentado como um farsante inteligente e com muita sorte. Poderia até apostar que se eu estivesse em Londres, em 2005, na saída de alguma sala de cinema, teria escutado, com todo sotaque britânico, o tradicional "that (bloody) lucky bastard" em nove de cada dez referências feitas ao personagem de Jonathan Rhys Meyers, Chris.

Na minha humilde visão, desde o começo, ele queria dar o golpe do baú. Aculturou-se como pôde, trabalhou no local correto, fez amizades com as pessoas certas etc, sempre com a sorte fazendo-se muito presente em cada uma dessas ações e escolhas. A sorte fê-lo arrumar o aluno certo, que tinha uma irmã solteira e carente. Ele teve sagacidade no modo (ou sorte na escolha do modo?) de como tratar a família para cativá-la, porém, nem mesmo dado uma série de mancadas envolvendo-se com Nola, a sorte o abandonou, ao contrário, nunca era pego em nenhum de seus deslizes.

Nola, por outro lado, era a tipificação da garota sem sorte. Uma mulher extraordinariamente linda que não consegue, em absoluto, nenhum papel como atriz, nem mesmo um onde só a beleza bastaria?! É até surreal apresentar uma situação como aquela, mas Woody Allen é surreal, só por isso deixo passar. Particularmente, prefiro não considerar como falta de sorte a gravidez e o fato de se envolver com um cara como o Chris, porque acho que é bom diferenciar burrice de falta de sorte. Todavia, acho que talvez Allen pense diferente, fazendo coro com a multidão que diz nessas horas: "uma garota tão boa, mas não tem sorte com os homens". Entretanto, longe estou de acusá-la de plantar a própria morte. Numa relação onde não existia agressividade, quem poderia imaginar que dela surgisse um homicídio por um motivo tão vil? Ainda mais quando não havia chantagem concreta — eram apenas brigas e chiliques — e quando a amante era incrivelmente submissa. Impossível não sentir muita pena da personagem, ainda que se conte em desfavor a única traição enquanto noiva e a completa cegueira ao ser amante. Foi azarada até a morte.

Então, nos minutos finais do filme, você vê o arremesso do anel, tal como uma bola de tênis, quicando na proteção e caindo no lado de quem o arremessou, repousando na mureta. Você arregala os olhos, aponta o indicador na tela e pensa, ou grita, conforme o entusiasmo da hora: "Arrá! Finalmente a sorte abandonou o canalha!". E imediatamente tem uma pequena crise moral, visto que ao punir Chris, a tonta personagem de Emily Mortimer, Chloe, e seu nascituro também sofreriam. Por outro lado, cerrarão os olhos da justiça para Nola e seu feto? Antes que você consiga resolver esse seu drama moral, a sorte se mostra, naquele evento de aparente derrota, ainda mais fiel to that bloody lucky bastard!

O filme é cruel. Tenta ensinar que a sorte pode ser absurdamente injusta e plena. Sinceramente, prefiro uma outra visão sobre a sorte. Prefiro pensar que quanto mais estudo/trabalho/treino/(insira aqui qualquer outro verbo que dê ideia de empenho pessoal), mais sorte tenho. Ao menos eu fico um pouco iludido com o pensamento que alguma coisa ao meu redor depende de mim para acontecer.


Publiquei esse texto no Mosaicum.org, um blog colaborativo sobre tudo, menos informática.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Planilha

Pondo na ponta do lápis, motivos não faltam para ficar apertado nos próximos dias:
– Dois IPTUs para pagar, cota única, com 20% de desconto;
– IPVA e seguro do carro;
– Matrícula, uniforme e material escolar dos guris;
– A fatura salgada das parcelas dos cartões que incluem desde os biquínis para a patroa à presentes para toda a família;
– Academia, Natação e, se sobrar, Dança de Salão.

O Décimo-Terceiro deveria ser dado em 15 de Janeiro.

...e já vem chegando abril com o IRPF...

terça-feira, janeiro 27, 2009

São Francisco de Assis

Quando se entra no ritmo das coisas, quando tudo torna-se familiar, parece que nada consegue tirar-nos do sério. Parece.

Hoje, como de costume, acordei antes do alarme, eram 5:40. Vi a tábua das marés e fui fazer o meu percurso. Na calçada à beira-mar, comecei a alongar. Quando me levantei, dei de cara com uma cadela, sentada, encarando-me com um palmo de língua para fora. Cumprimentei-a amistosamente. A essa hora do dia, a galera tem, em geral, pelo menos uns vinte anos a mais que eu. E, em geral, gostam de ser cumprimentados, vai ver que foi por isso que veio o cumprimento tão naturalmente.

Comecei a correr na areia fofa, naquele ritmo lento como se dá. O corpo ainda estava começando a embalar. O meu segredo é olhar sempre para frente, respirando, acenando para os conhecidos e logo vou vencendo a preguiça. Lá nos 700 metros, um senhor que caminhava no sentido contrário, vindo pela esquerda, puxou vigorosamente sua senhora pelo braço e passaram à minha direita, o que me fez perceber minha silenciosa companheira canina. Firme e forte, a danada trotava na minha velocidade. Fingi que não estava comigo. Na marca de 1000 metros há um quebra-mar. dali para frente a faixa de areia é batida, bem dura e plana, independente da maré. A cachorra continuou seguindo-me. Cheguei aos 2000 metros. Parei. Alonguei-me calmamente, na esperança de cansar minha acompanhante. Entretanto, ela pacientemente esperou que eu estivesse pronto para voltar e seguiu-me por mais 1000 metros. Nesse ponto, de volta ao quebra-mar, os últimos 1000 metros, é o trecho que volto nadando. Coloquei os óculos e comecei a entrar na água. Deu até pena, confesso. Ela andava para um lado e para o outro sem se aventurar a molhar mais do que as patas. O que podia ser feito? Aquele era meu percurso habitual, não estava sendo astuto de modo algum.

Com a maré ainda cheia, normalmente sou obrigado a afastar-me da costa ainda mais do que o costume por causa da arrebentação. Não chega a assustar, por essas bandas não há muito tubarão. Só, vez por outra, aparece um caçãozinho. Assim que passei dos corais e cheguei aonde as águas são mais profundas, uma sombra passou por baixo. Não dava para ter muito ideia de profundidade por ali. Continuei nadando. Pouco tempo depois passou novamente. Se era outra ou a mesma, não dava para perceber. A água estava turva e os óculos estavam um pouco embaçados. O diabo que iria parar ali para perguntar e esclarecer o mistério. Vários minutos depois, passou uma terceira vez. Daí fiquei mais tranquilo. Claro, se era para ter acontecido alguma coisa, tinha que ter sido lá atrás. E se fossem três ou duas criaturas, certamente, não seria cação, muito menos arraia. Quase no final do percurso, pouco menos de dois metros à minha direita, o que parecia uma rocha emergia, revelando o mistério: uma tartaruga marinha subia para respirar.

Não sei se era apenas uma ou um casal, mas tive a impressão que tive companhia naqueles 1000 metros pela água. Devia ser um conluio com a cadela que abandonei.

Acho que vou prestar mais cuidado com minhas orações. Quando pedir uma companheira, vou certificar-me de especificar que deve ser uma mulher da minha espécie.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

True Color

Depois de meses arrastando a reforma do escritório, finalmente chegamos à pintura. Rubens queria uma parede com textura, Santiago optava pelo que fosse mais barato e eu só desejava que aquilo tudo terminasse. Fechamos com o pintor. Ele sugeriu branco gelo para as paredes e branco para o teto, o que para mim era quase a mesma coisa, mas, "vá lá", ele era o profissional e devia entender melhor que eu. Noutro momento escolheríamos a cor da textura.

Até ali, nenhuma dificuldade. Apesar da minha visão resumir-se a 16 cores, nunca tinha enfrentado problemas para categorizar qualquer pigmentação entre preto, branco, cinza, azul, vermelho, amarelo, laranja, verde, roxo, marrom, rosa, vinho, bege, ouro, prata e bronze. E chegar numa loja com uma lista de material com os nomes das cores também nunca complicou meu dia.

Após latões de massa corrida e galões de tinta branca, chegou o momento de escolher a tal tinta da textura. Santiago estava numa cidade vizinha despachando com o juiz. Rubens confiava no gosto de Josias e estava bastante ocupado. Acabou sobrando para aquele que tinha mais pressa. Levei-o e deixei que escolhesse uma cor que combinasse com o ambiente. Eu pechinchei o preço, um que combinasse com meu bolso.

Tarde de sábado, quando quase todo o comércio está fechado, minha esposa liga, desesperada, convocando-me, urgentemente, ao escritório com os demais sócios, a tinta da textura tinha ficado horrível. Um escritório de três marmanjos não poderia ser pintado de pêssego, ou arreia ou palha, ou sei lá qual cor ela disse, que nada mais passava de algum tom entre amarelo e laranja, e que para mim era amarelo. Ela e a esposa de Santiago decidiram fiscalizar a obra justo no último dia de pintura.

Numa situação como aquela, no tom usado, com a voz da outra no fundo, não havia muitas opções: ou atendia ao chamado, ainda que demorasse um pouco para sequestrar os outros dois; ou sofreria uma retaliação desproporcional por algumas frias noites. Noventa minutos depois, estávamos no escritório, enquanto as fiscais esperavam no café, no térreo.

– Lucas, qual o problema?
– Vocês que me digam, Santiago.
– Por mim normal.
– Eu não falei que o pintor ia escolher direito?
– Rubens, as mulheres detestaram isso aí. Disseram que estava feminino.
– E isso é rosa? Pra mim é um amarelo puxado prum laranja.
– Santiago veste rosa e quem compra a roupa dele é Michele.
– Lucas, minha mulher não atende por "Fê-Fê". Prefiro os protestos por não acompanhá-la nas compras às reclamações de quando compro algo "feio", "cafona" ou "que não combina com nada que eu tenha".
– Não aguenta uma piada, rapaz? Então, o que fazemos? Pintamos tudo de branco?
– Daí tira o destaque, né? Se a gente queria uma textura tinha que ser com outra cor.
– Você queria.

Moral da história: sempre leve sua esposa para escolher as tintas do seu escritório. Porque não importa quanta saliva seja gasta ou promessas de comprar uma mobília máscula e arrojada, nada disso evitará uma cara bicuda e uma greve injusta quando ela ouvir que "não viu nada demais".

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Lamento

Antes de você ficar doente, do tipo de doença que, no primeiro dia, faz seu estômago rejeitar qualquer alimento e, a partir do segundo, desenvolva-se numa maldita virose com direito a febre e que ataque ao mesmo tempo ouvido, garganta e nariz. Antes de você sonhar com um quadro desses, esperando que, de alguma forma, você seja recompensado com o ganho secundário da paparicação, do mimo, dos cafunés, tudo isso cheio de cuidado e zelo. Muito antes de você pensar que isso pode acontecer com você, certifique-se de arrumar uma namorada, parceira, ou esposa. Todavia, não pode ser uma qualquer. Tenha certeza que esta possua um instinto materno bem desenvolvido. Caso contrário, você está ferrado, meu caro.