quinta-feira, junho 25, 2009

Prazer em conhecê-lo!

– Já que vamos dividir o quarto esses dias, é bom que possamos nos conhecer antes do curso.
– Não se preocupe, sou uma pessoa de boa convivência, um cara legal.
– Isso todo mundo diz. Eu quero estudar no quarto. Quero silêncio. Como eu sou da filosofia "o que vier é lucro" é mais fácil mostrarmos o lado negativo: sou chato e metódico. E você?
– Misturo-me em qualquer grupo sem expor-me, dificilmente as pessoas entram na minha intimidade; minto facilmente quando me convém; sou hipócrita em relação a credos que não afetam minha vida; é extremamente prazeroso e divertido ser cínico; sou muito vaidoso e minha vaidade reside no que sou, não no que tenho ou visto; gosto de elogio, mas não me incomodo em nada quando sou lisonjeado, provavelmente porque também sou lisonjeador, se me apraz.
– RP? Jornalista?
– Advogado.

sexta-feira, junho 12, 2009

Time Warp

Trabalhar diretamente com órgãos públicos traz certas surpresas. Em Cabedelo, a quarta-feira era feriado local, na quinta seria feriado nacional e, por isso, acharam por bem enforcar a sexta-feira para que todos, menos eu, ficassem felizes com um feriadão de cinco dias.

Se eles podem ter 5 dias de feriado, posso desviar da rota por 5 minutos e tomar um café. Existe um ótimo café no Shopping, numa área mais tranquila, longe da agitação da praça da alimentação. Lá eu fui e, estranhamente, muitos outros decidiram também ir. Quase não havia mesa livre. Seriam todos cabedelenses?

Não passou muito tempo, mais ou menos entre o terceiro e o quarto gole, uma senhora pede-me licença para sentar à mesa. Justificável, em face da lotação completamente desproporcional para aquela hora da manhã. Anui antes que ela terminasse a frase. Apenas quando ela sentou que pude reconhecê-la. Fazia 25 anos desde a última vez.

Minha antiga professora de inglês, por quem eu era completamente apaixonado, não havia perdido nenhuma fração do seu charme naqueles longos anos. Sandra continuava com olhos e sorrisos que penetravam na minha alma. E ainda me fazia babar. Disse meu nome apenas uma vez, só para que eu tivesse certeza que foi ela que me reconheceu à primeira vista. Dali adiante, eu era o "Honey" de 25 anos atrás, mas ela me corrigiu nas três vezes que a chamei de professora. "Sandra ou Sandrinha", puro e simples, soava estranho.

Será que ela tinha noção do que ela significava naquele passado longínquo? Será que eu tinha noção do que ela ainda representava para mim? Questionamentos esses que eu não ousaria indagar nem após as trocas de números de telefone.

Passaram-se duas xícaras grandes e foi pouco para atualizarmos um da vida do outro. Quem sabe no almoço, na próxima segunda-feira, ela me diga como conseguiu romper as dimensões do espaço-tempo.