Frio opressor
Pode se sentir frio por causa da noite ou do vento, ou ainda de um susto por ver a esposa dura feito múmia na porta espiando; mas nada se compara ao desconforto do gelo que se sente por dentro diante de um gabarito de concurso.
Ainda era madrugada, ele contara 44 pontos do gabarito definitivo (72 pontos positivos e 28 negativos). Nenhum de seus recursos foram admitidos, inclusive uma questão prática de informática! Vê 8 questões anuladas, dentre elas, 2 que ele tinha errado conforme o gabarito preliminar e contava agora como pontos positivos. Estranha por ter acesso apenas à folha de respostas objetiva. Conclui que não passou e se sente o mais incapaz dos seres.
Na manhã seguinte, procura o Diário Oficial da União com a lista dos aprovados e vê que o último entrou com 43 pontos e o primeiro tinha feito 66. Vê num fórum que, de fato, não há acesso à prova subjetiva e os recursos são feitos sem essa peça. Estranha ainda mais a situação. Conclui que uma questão anulada dá zero a todos levando seus pontos para 32. Insatisfeito, liga para a instituição e verifica que estava errado: todos ganham o ponto. Já sem estímulo nenhum e desgastado, sugere que a esposa reconte os pontos, pois ele tinha que trabalhar.
Pouco depois, um sms dela. Ele tinha feito 42 pontos. Ficou de recontar quando chegasse em casa. Podia ter sido primeiro lugar? Definitivamente não é essa a idéia que domina seu pensamento. Só consegue pensar: "até quando durará esse tormento?". Tem convicção de que deve estar errando tão cegamente que não percebe. É um idiota mesmo.
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