sábado, agosto 26, 2006

BodyBalance

Desde a faculdade de Educação Física, conhecia Érica como o tipo de mulher que conquistava qualquer pessoa. Dona de um sorriso único e contagiante, de uma doçura, de um espírito solidário, de um bumbum perfeito e de umas gordurinhas a mais, mas isso não diminuía seu encanto.

Foram quatro anos de risos, implicações, insinuações, cumplicidade. Só teimávamos numa coisa: eu defendia que o treino de musculação era mais universal que as aulas do Body Systems. Confesso que insistia nisso mais para pegar no pé daquela que curtia as aulas de BodyCombat e defendia o sistema com unhas e dentes do que por qualquer outro motivo. Da faculdade, fomos trabalhar na mesma academia, mas inquieto como sou, acabei indo ao Rio, fazer especialização e depois emendei com o mestrado. E, muito mais por minha culpa, acabamos perdendo o contato.

Overdose de teoria não é minha praia. Se eu continuasse com o doutorado direto, enlouqueceria. Acabei voltando. Depois de meus pais, a primeira pessoa que queria ver era aquela gordinha – ok, chamar de gordinha é maldade, ela só tinha um buchinho simpático, no resto era perfeita.

Ontem dei um pulo na academia, fiquei conversando com o pessoal e fazendo cera até que me avisaram que ela tinha chegado. Ninguém muda tanto em três anos, muda? Muda. Acho que ela devia ter perdido uns sete quilos. Estava com uma barriga escultural e um piercing enfeitando o umbigo. Perdeu quilos, perdeu peito, perdeu barriga, perdeu bochecha, perdeu até aquele sorriso lindo que escondia seus olhos castanhos. Ainda tinha um bumbum perfeito, mas tinha virado uma saradinha qualquer. Uma grande perda.

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