Num canto onde o bom, o belo e o justo não tem valor
Lá estava eu, tranqüilamente lendo o Informativo 454 do STF sobre a Rcl 4.335/AC. O voto do relator, o Min. Gilmar Mendes, defendia que o julgado HC 82.959/SP onde decidira que a Lei 8.072/90, no §1º do artigo 2º, vedando a progressão de regime era inconstitucional e tinha efeito erga omnes. Esse habeas corpus já tinha aparecido nos Informativos desde o 315 – tratando da descaracterização do estupro e do atentado violento ao pudor sem lesão grave e sem morte como crimes que não deveriam ser enquadrados como hediondos. Antes de terminar a leitura, fui interrompido por uma muvuca bastante perturbadora no outro da rua, na frente da granja onde eu estava.
Acredito que o bicho devia estar ou possuído ou tomado pelos instintos mais animalescos. O fato é que ele corria insanamente atrás de uma infeliz que, obviamente, fazia de tudo para livrar-se. Enquanto um corria calado, a outra, correndo, gritava num desespero terrível e constrangedor. Até tive vontade de apartar os dois, mas como a coisa não era para o meu bico, fiquei inerte observando.
Deve ter demorado entre quinze minutos a meia hora a perseguição, quando finalmente ele consegui dominá-la, agarrando-lhe o pescoço. Completamente subjugada e encostada num muro com uma tela de arame, deixou ser pisada como se fora um tapete. Ficou imóvel enquanto ele preparava o caminho. A cópula em si demorou poucos segundos e logo depois o macho voltou a caminhar entre seus pares; mas ainda demorou pelo menos uns dez minutos para a gansa sair daquele canto.
Os homens têm se distanciado da natureza.
Não todos.
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