O Abismo
Bel fotografava por instinto, via que dava uma boa foto e tirava.
Cris escrevia como quem cantava, costumeiramente em guardanapos.
Jô pintava em êxtase, ria, chorava, dançava com o pincel e a pasta.
Fê tirava música de coco, de lata, de pedra, tubo; batia, riscava, soprava.
– Bando de vagabundo – dizia o pai – ter quatro que não prega um prego numa barra de sabão só me dá desgosto.
Depois de muitos verbos, adjetivos e estilhaços no chão.
Bel virou assistente de cozinheiro.
Cris conseguiu ser recepcionista dum hotel.
Jô foi trabalhar com o pai no mercado.
Fê... foi-se por aí, a mãe que sabe, diz que é auxiliar de escritório, na Capital.
Depois de muito silêncio e poeira.
Só silêncio e pó restaram.
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