Travessia
Todo mundo conhece a fama das faixas de pedestres em Brasília. Independente de semáforos, pedestres conseguem parar o motorista mais apressado com um simples passo.
Depois de muita multa e guardas estrategicamente posicionados nas faixas de João Pessoa, hoje posso calcular o espaço para frenagem, acenar e cruzar ao som de xingamentos de nossos obedientes motoristas.
Todavia, a aventura mora em Curitiba (aonde passei esse fim de semana). Aproveitei para usar as faixas sulistas. Fui advertido que as únicas confiáveis eram as dos semáforos vermelhos, 10 segundos após fecharem. Pensei: "ok, estou acostumado a motoristas que cruzam sinais amarelos". Enquanto eu esperava, duas senhoras conversavam sobre um acidente com um biarticulado: "...foi criança pra tudo quanto é lado. Ainda bem que a babá não resistiu, não quero nem imaginar o que a família faria com ela...".
"Vermelho! 1, 2, 3, 4, ... ,10. Ok!" – cruzei são e salvo. Olhando para trás, vi um senhor lento demais. Fui socorrê-lo. Tomei-o pelo braço e seguimos. Já estávamos quase na metade quando abriu. Buzinas berravam à nossa esquerda e na segunda faixa os carros já passavam à 80. "Como dizia um antigo filósofo: Retroceder nunca, render-se jamais. – Avancemos, vovô!". Não sei se a melhor escolha, mais foi assim que consegui fazê-lo andar.
O problema foi ao chegar exatamente no meio...
Ambas as vias ventavam sobre nós e por pouco um automóvel não levou meu aceno que teimosamente tentava convencê-lo a parar. Dois longos minutos se passaram até o semáforo garantir nossa passagem pela Sete de Setembro.
"Vovô, coragem, só falta a pista do biarticulado e mais outra dessa. O senhor também vai ao Shopping Estação?"
Ele disse "sim".
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