"...porque eu sou free, free lancer..."
Não era hacker, quase não sabia nada de programação, gostou de pagar Pascal, mas foi reprovado em C, por falta de dedicação. Saiu de Exatas e terminou em Humanas. Gostava da liberdade. Liberdade de mudar, de adequar, de pagar ou não pagar, de optar. Não se podia fazer tantas opções na vida, mas nas que podia, queria. Pagar mais de R$ 2.098,00 para ficar preso era uma opção descartável. Já que, com meses ou no máximo poucos anos, o objeto de sua compra logo se tornaria obsoleto.
Assim como a grande maioria de usuários de desktop, precisava de um sistema operacional sempre funcional, não possuía máquinas de teste e, portanto, não se podia se dar ao luxo de ficar tentando por dias a fio configurar uma placa de vídeo, um modem, ou um teclado. Não foi por uma questão religiosa que não escolheu o sistema operacional do cão, foi mais por sorte na instalação que começou usando o Red Hat 4 - no dia, tentou instalar o Debian antes e ainda tinha nas mãos o Caldera e o Slackware - o primeiro que conseguiu levar a instalação até o final sozinho. Não ficou completamente funcional, o modem não funcionava. No Conectiva Marumbi, a placa de vídeo era o primeiro problema, mas depois, acabaram-se os problemas e, só da Conectiva, usou o CL 5, 7 e 8+, pulou para Mandrake 7.2 e 8, testou o TechLinux 1, foi salvo uma vez pelo Kurumin 1.4 e acabou voltando para o RH 7, 7.2, 8, 9, e seu sucessor livre Fedora Core 1, 2, 3, 4 e 5 e fora de casa, com o Ubuntu 5.04 e 5.10.
Talvez nem ele saiba exatamente o que o movia a insistir nesse sistema quando não conhecia ninguém que usasse Linux como desktop ou como servidor. Assim, faltou uma orientação básica para instalar programas. Sempre que queria instalar algo que não vinha na distro era um "Deus-nos-acuda", o programa precisava dos RPMs mais atualizados, e esses RPMs atualizados precisavam de outros e assim por diante... pior ainda se tinha uma conexão de 33.600, ligando interurbano para a capital com a excelente taxa de transferência de 1,8 kbps. As dependências eram desestimuladoras. Faltou também alguém dizer-lhe que para compilar algo, era preciso ter os pacotes -devel ou -source instalados, conforme for o caso. Hoje, as coisas mudaram: pode-se contar com apt, yum, urpmi, etc, para resolver as dependências de pacotes.
Antes de se aventurar nesse outro mundo, ainda usou Windows 3.11, 95, 95 OSR2, 98, 98SE e XP.
Antes levava surra dos Linux, hoje do XP.
Malditas configurações.
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