Costume
A sensação era desagradável. O eminente fim de ano chegando com festas, presentes e comemorações não combinavam com a consciência de que o tempo lhe escapava das mãos. A despeito da evolução alcançada profissionalmente, de tudo que suportara na reabilitação da saúde, de como tinha chegado até ali. Os alvos não alcançados tinham uma voz muito mais alta na sua auto-crítica.
Tal como papai-noel, já acostumara-se a vestir a fantasia do espírito natalino. Decorara os votos, conversas e piadas de fim de ano. Acendia o brilho nos olhos e dispunha o melhor sorriso nas festividades. Já lhe era tão natural aquele esforço, que só lembrava do peso do costume quando chegava em casa, nem por isso correria da festa. Chegar em casa também significava estar só e isso também tinha sua dose de cansaço.
Fingir-se-ia de bem com a vida. Quem sabe não acreditaria na sua própria encenação?
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