Epíteto
Depois de três anos trabalhando no fórum São João do Rio do Peixe, Lindalva finalmente estava satisfeita com o rumo que sua vida havia tomado. Passaram sete meses e meio, desde o dia que o viu entrando no saguão do hotel onde morava até o dia que entraram juntos no cartório de Cajazeiras para assinar os papéis do casamento.
Nem foi muita surpresa para a família de Clodoaldo ao descobrir que casaria com sua primeira namorada, o que espantou também não foi a velocidade de sua resolução, mas sim que a escolhida também era, como ele, promotora de justiça. Apenas oito meses após a nomeação e lotação para São José de Piranhas, o danado já queria constituir um lar.
Lindalva não era linda, nem era alva. Na verdade, nem era Lindalva. O que parecia nome era um apelido dado pelo pai, por ocasião da decisão, em sede de liminar, dos alimentos provisionais na ação de reconhecimento de paternidade. Em vão tentava o pai provocar a filha com a alcunha. E, quem sabe não tinha sido por causa desse evento que ela descambou para o Direito e carregou consigo aquele nome.
Entre uma assinatura e outra, tudo havia passado. Estava até se acostumando a ser chamada pelo apelido do apelido. Dalva soava muito bem. Tão bem quanto Aldo. E que nunca descubram o quanto ela achava que seus sogros tinham mau gosto para nomes próprios.
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