Tá olhando o que?
- – O direito à intimidade – que representa importante manifestação dos direitos da personalidade – qualifica-se como expressiva prerrogativa de ordem jurídica que consiste em reconhecer, em favor da pessoa, a existência de um espaço indevassável destinado a protegê-la contra indevidas interferências de terceiros na esfera de sua vida privada. A transposição arbitrária, para o domínio público, de questões meramente pessoais, sem qualquer reflexo no plano dos interesses sociais, tem o significado de grave transgressão ao postulado constitucional que protege o direito à intimidade, pois este, na abrangência de seu alcance, representa o "direito de excluir, do conhecimento de terceiros, aquilo que diz respeito ao modo de ser da vida privada" (HANNA ARENDT).
Recentemente, o Google, contando com o óbvio apoio do público protestou contra a entrega dos dados de buscas de seus usuários, com a defesa da intimidade como bandeira de luta. Logo o Google que sabe tudo sobre mim, iria dizer tudo o que procuro na net, era demais! Mas era mesmo?
Veja bem:
A pessoa tem um perfil no Orkut com amigos e comunidades – não raro ela também participa da comunidade “Tenho mais comunidades que amigos” –, seus amigos e ela mesma não têm nenhuma censura ao adicionar um recado, que nas contas do serviço já ultrapassa a quarta casa decimal. Basta um pouco de paciência e navegar um pouco que dali já sabe quem são os amigos, quem está namorando com quem, para onde vão, o que costumam comer, o que fazem da vida, etc. No perfil ainda tem um link para o flog.
No flog revela-se a artista, a poetisa, a poser. Mostra também mais uma penca de amigos e outro link – para o blog da criatura.
Contextualizado com seus amigos, gostos, profissão e tudo mais que você já conhece desse ser, pode-se filtrar tudo o que é ficção nos posts, retirando, assim, o que se passa na mente da pessoa: visão de mundo, anseio, sonho, frustração, cotidiano e o que mais ela colocar por lá, como por exemplo, uma lista de outros amigos e outro link, para o del.icio.us.
Chegando no del.icio.us, é festa! Todo o bookmark dela, por onde ela costuma navegar, seus interesses na net (só confirmando daquilo que você já sabia), sendo que aqui ainda traz aquela sensação (constrangedora ou não) de que você está mexendo, de fato, nas suas coisas. Por fim, outro link lá, o do Bloglines.
Eis o maior agregador de conteúdo que eu conheço. Se se tinha alguma dúvida de como a pessoa pensa, no Bloglines você pode experimentar os conteúdos que ela lê. Basta poucos cliques. Ah! Perfil privado (é a opção padrão)... tudo bem, mas já dava para ter uma idéia do que iria encontrar lá.
Mas quem sou eu para reclamar? Justo uma pessoa que sempre esquece de fechar portas e janelas do quarto antes de trocar de roupa e quando vai ao banheiro, nunca tranca a porta. Bem, talvez para quem já tenha a alma exposta, expor o corpo não é nada.
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