quarta-feira, novembro 30, 2005

Ainda sem bola de cristal

No filme Krull (UK, 1983), contava-se que os ciclopes eram seres com dois olhos, mas, pela ambição de ver o futuro deram um dos olhos, enganados, em troca receberam apenas a capacidade de enxergar o momento da própria morte. Além desse pequeno detalhe de ser o seu "personal game over", será que isso seria tão terrível assim? Você saberia se o passo que você está dando hoje está aproximando ou afastando o seu dia fatal e se você prestasse atenção de verdade naquele dito instante, poderia perceber se estaria satisfeito ou cansado dos anos que viveu. No filme, o personagem, num primeiro instante, preferiu não lutar e viver, depois, mudou de idéia sabendo que não teria mais volta.

O vampiro Lestat (de Anne Rice) não tinha absolutamente nenhum problema com o seu futuro, do momento desde o momento que foi transformado, tudo o que quis foi desfrutar do que o mundo tinha para oferecer, se estivesse cansado de tudo, bastava se enterrar e dormir, enquanto décadas se passavam. Também tinha um pequeno detalhe, como se diz no interior, o fim dele não seria de morte morrida, apenas se fosse morte matada. Ele não tinha nenhuma preocupação com o mundo e o fato de matar homens e mulheres não o incomodava nenhum pouco, nesse aspecto ele era totalmente amoral.

Por fim, em 12:01 (USA, 1993), Barry Thomas é a única pessoa do planeta que está consciente de que está preso num ciclo de 24 horas e que o dia se repete para todos, menos para ele. Além do simples detalhe de testemunhar a morte de Lisa Fredericks, por quem tinha uma atração, ficou cansado de acordar no mesmo dia da semana. Tédio não era exatamente o problema, ele poderia fazer qualquer coisa, tentar todas as soluções e opções de escolha. Para ele, o dia nunca se repetia, quanto aos outros, bem...

Deixando as Sessões da Tarde de lado e toda essa cultura pop, o fato é que o tempo e as coisas atreladas a ele (vida, morte, juventude, velhice, passado, futuro, projetos de vida...), vez por outra, têm o condão de me deixar cético sobre quase todo aspecto da vida. E se a esperança é aquela luz no fim do túnel, é bom que ela tenha um nobreak potente.

Mas, bem que eu poderia ser um lobisomem.


Nota: É melhor publicar esse texto, antes que ele seja deletado.

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