sexta-feira, outubro 21, 2005

Assunto: RE: Cristãos vontando não!?

Marcelo, respeito sua opinião contudo, devo discordar.

Quando digo NÃO, não estou defendendo o direito de matar, não estou dizendo que quero andar bêbado, com um revolver no porta-luvas do carro descarregando na cara do primeiro que me chamar de feio.

O que mais mata no Brasil? O carro. Mais do que máquina de transportar, parece-me que o carro é o instrumento mais adequado para ser proibido, é bem mais seguro proibir o carro de ser comercializado e evitaria um número muitíssimo maior de mortes no trânsito, vendendo carros apenas a empresas de transporte ou a entidades governamentais. Nem por isso o carro foi submetido a referendo sobre sua comercialização.

Facas são máquinas de matar, cortar, picar. Nos países orientais se comem com o hashi exatamente porque não é educado levar à mesa armas, talvez seja interessante proibir as facas de serem comercializadas. Eu mesmo já tive tanto um revólver apontado no meio dos meus olhos, bem como um estilete encostado no meu pescoço e outro objeto cortante na altura dos meus rins. Pois é, tive muita sorte com ladrões em João Pessoa.

Quanto ao uso, quantos policiais têm armas? Quantos treinaram tiro? Quantos efetivamente atiraram em atividade? Quantos mataram durante o exercício? A arma não apenas serve para matar. Ela dá apenas uma garantia: que se for usada em roubo, este será qualificado pelo uso de arma de fogo. Só. Ademais, a arma pode ter uso tanto para a polícia ostensiva quanto repressiva, pode ser usada para matar, salvar, defender, imobilizar, dependendo do objetivo e de quem maneja.

Não é porque existem maus administradores de objetos perigosos como armas, carros e facas que esses instrumentos devem ser proibidos. A questão também não é essa, porque se fosse, também deveríamos referendar o uso da maconha que tem até uso medicinal em alguns países no combate à depressão.

No planalto discute-se o assunto em duas frentes: "FRENTE PARLAMENTAR POR UM BRASIL SEM ARMAS" e "FRENTE PARLAMENTAR PELO DIREITO DA LEGÍTIMA DEFESA". Essas frentes, nem ao menos viram os resultados das urnas e já modificaram o inciso IV do artigo 6º, abrindo a possibilidade para que mais guardas municipais tivessem acesso às armas. Se estamos falando de eliminar as armas, por que abrir mais as concessões?

Ainda a lei foi mal escrita no seguinte aspecto: no artigo 10 há a permissão para o que está sofrendo risco de vida de ter porte de arma (leia-se andar com a arma) e dentro dos requisitos (cumulativos) está o de ter a propriedade da arma de fogo, mas no artigo 6º que trata da comercialização, eu não encontrei, no artigo, um inciso que permita a compra para aquele que deu entrada na Sinarm ou de alguma forma está buscando a arma por estar em perigo de vida.

A lei é pequena e deve ser lida por todos (ela está aqui).

Se este referendo está me perguntando se a solução para a violência nesse país é a proibição do comércio de armas e munição dentro do território nacional, como se dizia no início da campanha, ou se é o primeiro passo para esse alvo, como dizem agora, a minha resposta é não.

Um dos conceitos basilares da administração pública são os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Duas perguntas devem ser feitas: O sacrifício individual será menor do que o beneficio logrado pela coletividade? E, o sacrifício é razoável comparado aos alvos estabelecidos? Se existe algum debate quanto a primeira pergunta pelo alto nível de especulação de qual será de fato o benefício, na segunda pergunta chega a ser medíocre o alvo que tenho escutado de 99,9% dos defensores do SIM: "se meia dúzia de pessoas deixarem de ser mortas por armas de fogo, já terá valido à pena". Se o alvo é esse, basta deixar proibido o porte como já está ocorrendo que já superou esta marca tão risível.

Quando digo não, digo que não acredito que essa seja a solução ou seja nem se quer o primeiro passo para a solução da violência no país. Quando digo não, digo que não vou ser submetido a um referendo que não me apresenta uma medida que chega londe de ser paleativa. Quando digo não, digo que não quero dar ao ladrão a certeza que, na minha casa, chumbo ele não vai levar se entrar.

O motorista pessoense está começando a aprender a parar na faixa de pedestre e o pedestre está começando a aprender que deve usar a faixa de pedestre. O brasileiro pode aprender a ter a propriedade de uma arma letal. O Sinarm é o responsável pela educação da arma de fogo, o Detran, dos automóveis.

Quanto ao voto de Jesus, não estou querendo banalizar o uso de armas de fogo ou qualquer outro tipo de arma que possa ferir o homem, mas, se Deus fosse completamente avesso a armas, não estaria sendo incoerente quando tantos morreram pelas mãos dos israelitas? E tantos reis de judá e israel que tiveram que matar? E anjos com espadas? E Jesus usando chicote para purificar o templo?

Repito: não se trata da banalização do uso da arma, trata-se da possibilidade de, em certos casos, serem usadas.

A mão do Senhor será a última arma de fogo a atirar na terra, consumindo todos os que se revoltarem junto com o Diabo contra Cristo no final do milênio, como está em Apocalipse.

Como disse, respeito sua opinião, nem quero convencê-lo do contrário, só estou mostrando o meu ponto de vista.

Abraços,
Mythus

1 comentários:

Mythus disse...

Segundo a teoria de Ailton esse é um post que não será lido e se lido, não será comentado. hehehe

É um post "só pra constar que o assunto não passou batido" ;)