Leituras Privadas
Só de imaginar-me em congresso sexual homoafetivo já me provoca contrações faciais, arrepios e agonia. Como se isso não bastasse como indício, acabei de concluir um teste no livro "Por que os Homens Fazem Sexo e as Mulheres Fazem Amor?", na faixa de 0 a 300 fiz 70 pontos – 0 seria cérebro supermasculino, 150 início da zona de interseção, 180 fim da zona de interseção e 300 seria cérebro superfeminino. Isso também não garante minha orientação sexual, mas serve também como forte indício. Sei que o livro não tem a pretensão de ser um livro científico, mas isso não me deixa menos admirado com as informações ali registradas.
A cada dia que passa, sou mais fascinado pela mulher.
Você já viu uma mulher nua? E dormindo? Uma paisagem como aquela faz o cara sentar na cadeira ao pé da cama e... sei lá! Não preciso de mais nada nesse mundo para ser feliz.
É simplesmente linda.
Fisicamente, é muito mais bonita do que um homem. Aliás, já teve o desprazer de ver um homem nu? Se aquilo não lhe agredir a vista, nada mais o fará!
Se isso não bastasse, ela ainda possui uma visão panorâmica, é capaz de enxergar um número muito maior de cores, tem olfato e paladar mais apurados e tato mais sensível. Com toda essa sensibilidade, ainda possui um corpo que, apesar de frágil, é muito mais resistente à dor. Se nos séculos passados foram de domínio do homem, este é o da mulher. Já não é mais tão útil a força bruta, o corpo preparado para suportar as intempéries do clima, a visão telescópica ou a mente especializada para fazer uma só atividade, se isolando do mundo. Muito ao contrário, espera-se do indivíduo deste século o diálogo incansável, que esteja conectado com o ambiente, percebendo qualquer mudança nas coisas ou nas pessoas que o cerca, que tenha a capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo e que seja intuitivo. Enfim, espera-se que neste século todos tenhamos características de mulher. Trocando em miúdos: estou completamente ferrado.
Há quem diga que é fingimento e que toda mulher é atriz. Seja como for, vejo o quanto impressionante é a forma como a mulher se adapta: na ausência de um homem, ela aprende a fazer todos os deveres que deveriam ser cumpridos por ele; na ausência de um amor, há o trabalho e os filhos e, se um dia pintar algo, maravilha, se não, ela vai viver assim mesmo. No rompimento da relação o homem não conta com a ajuda camarada de ninguém, procura esconder o que está se passando com ele e, simplesmente, não consegue fazer mais nada de trabalho, estudo, esporte, lazer, nada além de pensar nela e, pobre dele, se flagrá-la feliz da vida com outro: é morte na certa – dele. Ele prefere (como se tivesse outra saída) fazer usucapião da sarjeta até se recuperar. Ela não, segue a vida, ainda que esteja moída por dentro, conta com um exército de amigas para consolá-la e ainda consegue transformar toda a frustração em motivação e energia, seja para fazer algo diferente ou para investir mais na carreira profissional. Se for para se acabar em lágrimas, que seja fora do expediente.
A excessiva quantidade de testosterona que recebi nos primeiros meses de gestação me privaram de ter habilidades úteis para este século, o processo foi irreversível e pôde ser comprovado pelo teste. Contudo, não retiraram de mim a completa alucinação que tenho por esse magnífico ser e, como criatura extremamente curiosa que sou, tenho um hobby/meta impossível para um homem alcançar: tentar desvendar e compreender a mulher. Creio que já dei o primeiro passo, a partir do momento que, ao buscar entendê-la, acabei adquirindo (algumas) condutas e hábitos que sei que ela espera de mim.
Já não é mais apenas a atração por aquele corpo que dá vontade de abraçar, agarrar, morder, beijar e milhares de outros verbos... É atração pelo conjunto todo: da carne, da alma, do coração e da mente da mulher. Mas estou feliz por ter nascido homem, há mais do que indícios de que se fosse o contrário não seria tão nada bom, visto que, ser uma mulher lésbica contraria a minha religião.
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