terça-feira, novembro 30, 2004

Guerras Galáticas

Estava sofrendo um ataque intenso.
Certamente, haveria muito derramamento de sangue.
Éramos quatro: um amigo que era o alvo do ataque, outro que me ajudava na defesa, o inimigo e eu.
O que poderia fazer? Conversar e ver a desgraça chegar.

(só o atacante e eu vigiávamos o movimento das frotas)

Enquanto eu e meu companheiro virávamos alvos para que eu recuasse, a conversa fluía muito bem com quem me atacava. Ele de um lado, fazendo cálculos de guerra e eu cancelando minha produção de armas que seriam pulverizadas no primeiro instante de sua chegada. Falávamos sobre aquele jogo de guerra: das estratégias de ataque, do papel de um Comandante Geral em servir de exemplo, ainda que sofresse por isso (ambos éramos CGs) e de eventos passados.

Ele ainda não tinha visto alguém que fizesse tanta questão de defender um em detrimento de si, que não se importava em sofrer o dano, que não ficaria chateado com aquele ataque até porque já tinha dito que no lugar do atacante, faria o mesmo.

Passou-se mais de uma hora e ele recuou, admitiu que tinha sido derrotado. Ficamos amigos, cada um colocou o outro na sua lista de amizade (são votos de confiança extrema, visto que ambos ficamos vulneráveis a traição do outro).

Síndrome de Estocolmo? Não, apenas escolhi a melhor arma para a defesa.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Happy Hour

– Eu odeio os argentinos!
– E por quê?
– Bah! Eles só querem ser "europeus"!
– E o brasileiro não quer ser "americano"?
– Não! A gente quer é ser livre!

domingo, novembro 21, 2004

Auto-análise

– Que dia de M3RD4! Que vida de M3RD4!

Era a única coisa que sabia dizer, intercalando entre "imbecil e idiota", para não ficar tão monótono, o discurso contra si mesmo.

RECYCLE LIFE
DONATE BLOOD
(Red Cross)

Já estava abalado há dias quando viu aquela propaganda. Leu de novo, divagou. Riu sarcasticamente de si mesmo: pensara que o único produto da reciclagem de sua vida seria, na melhor da hipóteses, adubo orgânico, mas jurava que seria rejeitado por ter quase convicção de que era lixo tóxico. Por isso, andava desconfiado do carro da Emlur, temendo ser seqüestrado (mas queria sumir de alguma forma). Seu temor só podia ser explicado pelo senso de autopreservação que todo animal possui. Sim! Puro instinto animal. Lindório nem se sentia mais "humano", era apenas um rato imbecil e idiota. E como rato, seu mundo era um esgoto e sua vida um esterco. Esterco? Esterco nada! Isso ainda serve para alguma coisa! A de Lindório só fedia.

quinta-feira, novembro 18, 2004

Libertino

Um tiro no suspeito, foi assim que começou. PEI! E atingiu bem ali mesmo, no meio do peito, arrancando aquele pedaço, ficando um susto.

E o matador psicótico continuou seu caminho...

Saiu picotando quinhentos e deixando quintos, arrancando até a cor do coração para neutralizar sua ação! Tirou um samba macabro de uma nota só em face do faminto, intitulou-o "minto". Com corda enforcou os que concordavam com a preservação da ordem, restando quase nada deles e, inebriado, brindou com cerva a desordem, sucumbiu trocando letras e desmaiou vendo demais.

quinta-feira, novembro 11, 2004

[ PULSAR ]

Queria bater uma prosa,
escrever um gesto livre,
mas a métrica do tempo
normatiza o pensamento.

Foi quando eu percebi que existia, e ainda existe (bem aqui, aqui não, mais ali na frente, vou mostrar...) um erro de concordância de gênero e número, que desafina o tambor do meu ouvido, soa até bizarro: “prazer na obrigação”, assim tão juntos na mesma fase decantada insubordinada substantiva.

Foi estranho, mas foi assim mesmo que eu li naquela bula de pomada para uso utópico (para por no lado sinistro da testa) e esperar seu efeito por trinta minutos de bons sonhos com recheio de vida de sucesso.


Foi assim: eu estava com a cabeça bem aberta, sem querer, meu cérebro caiu no multi-processador quando eu apertei aquele botão dali de cima.

Foi-se...

quarta-feira, novembro 10, 2004

Relações Pessoais: A Ignorância, o Inexplicável e o Miraculoso

Foi de pau e de pedra feito.
Para com pau e pedra dar jeito.
Descer o pau, lascar a pedra:
"Educação Tradicional" com efeito!

– Coitado, vai deixar traumatizado.
– Agressão, vai levá-lo à perdição.
– Meu Deus, o que ele fará dos seus?
– Nada de mais... papai me ama demais.


A psicologia, hoje, é tão avançada quanto a medicina era, no Império Babilônico.

sexta-feira, novembro 05, 2004

KKK* Style

Perdi meu estilo,
minhas calças jeans rasgadas,
minha camisa florida,
minha t-shirt x-large,
minhas pulseiras de linha,
minhas sandálias,
meu body board,
meu cabelo,
a cor da minha pele.

Foi assim que eu acordei num quarto,
e, graças a Deus, eu não era um inseto,
estava num lugar que não conhecia,
nem sabia como tinha parado lá.
Descobri que fui formatado em 1.44mb
e estava sofrendo um processo,
eu, que já era fruto dum processo
de estudar Direito e Processo,
sou, agora, matéria processada
em busca do meu pé-de-pato Redley.

* Kahuna, Kafka, Kant

quinta-feira, novembro 04, 2004

Cliché Sou(l)

Vou-me embora pra Passargada. Lá não há uma pedra no meio do caminho, nem se vê um bicho na imundície do pátio. É onde se vive os sonhos têm e os campos são cobertos com rosas do povo.

Quis fugir dos grilhões da memória, quis viver e falar de um amor inédito, mas ao tirar tudo o que era comum, cliché e vulgar, quase foi embora minha vida e meu coração que ineditamente batia por outra pessoa (como tantos outros). Quase parei, quase calei, pois não havia palavra, gesto, olhar, qualquer outra ação ou pensamento que fosse sui generis, mas era para mim, então prossegui.

Um bom ensinamento pode ser aprendido, mas a boa experiência deve ser vivida.

Por mais medíocre,
por mais comum,
por mais tola...


...ninguém se satisfaz apenas com palavras...