domingo, janeiro 17, 2010

Pobreza e Compartilhamento

O primeiro dia de trabalho do ano começou com a seguinte manchete: "Hábito nacional – Quase 70% dos internautas brasileiros compartilham conteúdo" (Teletime News, segunda-feira, 4 de janeiro de 2010). Descontados os excessos jornalísticos da minha leitura diária obrigatória e sem tocar num assunto muito mais delicado, as restrições ao direito de compartilhar, é um texto que traz alguma reflexão.

A notícia trata do compartilhamento de forma bastante genérica. Junta compartilhamento de fotos, áudio e vídeo num mesmo bolo: "arquivos". Ampliando, finalmente, para algo ainda mais genérico: "conteúdo on-line".

Acredito que as razões pelas quais uma pessoa compartilha uma foto são completamente diferentes do compartilhamento de um arquivo de áudio ou de vídeo, salvo se tratar de uma gravação pessoal, um vídeo familiar. Ainda assim, percebo que pode existir, naturalmente, um intuito diferente. Sem mencionar no papel social que cada meio desempenha: Orkut, MSN e e-mails (apenas para citar os canais mencionados na pesquisa).

Existe relação entre a pobreza e o compartilhamento? Certamente. Todavia, acredito que o compartilhamento é reflexo da solidariedade que é comum entre pessoas que vivenciam a necessidade, ainda que o sentimento de solidariedade, em si, não se restrinja a poder aquisitivo. Creio que é neste ponto onde a notícia comete o maior pecado. Dentre as culturas regionais que conheço, não consigo ver um povo mais acolhedor, mais solidário, mais hospitaleiro, que não teme em abrir a casa e a vida do que o nordestino. É muito mais uma questão cultural do que econômica o resultado obtido na pesquisa.

Outro dia, conversando com uma colega de trabalho, ela estava compartilhando de uma dificuldade dela: viajarão ela e a filha e não retornarão no dia que chegará o material escolar da filha, só virão no final de semana e a filha estará sem material e sem uniforme no primeiro dia de aula. Perguntei se ela não poderia pedir a uma amiga para fazer a compra e ela me olhou como quem estava falando um absurdo. Daí, complementei: tenho uma dezena de amigos que fariam isso, tranquilamente, por mim. Uma pena que todos estão a mais de 2 mil quilômetros daqui.

6 comentários:

.ailton. disse...

!caraca!

todos os teus comentários sumiram.

Adriana disse...

Quanto maior a cidade, menos podemos contar com as outras pessoas.

caso.me.esqueçam disse...

cadê, homem? desistiu?

Mr T. disse...

Mythus meu velho, ressuscitei o Apropriações http://apropriacoes.tumblr.com

Como vc era visitante costumeiro do meu velho blog, achei que devia te avisar.

Abraços.

Márcia(clarinha) disse...

Xiu? Alouuuuu? Tem alguém em casa???
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Ok, passei pra dar beijinho
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;)

Neanderthal disse...

Oi Mithus, como vai?
Então, assm como o T, eu tbm ressussitei meu antigo blog.=)
Concordo contigo que é uma questão cultural. Isso me lembra quando uns pesquisadores extrangeiros vieram aqui e eu fiquei responsável por acompanhá-los em outras atividades fora do congresso, já quenão sabiam andar pelo rio de janeiro.
Um deles "confundiu" o meu jeito, já que ele não estava acostumado com pessoas que tocam, enconstam tanto nas outras.
Complicado....

Beijão e te linkei lá.