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Há tempos não via mais de um palmo de sua mesa. Coberta de papéis, recibos, fotocópias, pilhas e pilhas de tranqueiras, aquele deixou de ser um lugar para receber pessoas.
De súbito levantou-se. Começou a pegar cada papel. Aumentou o volume do som. Examinava um a um e colocava num ponto no chão. O ar estava inundado com música e o chão coberto de pilhas menores de papel. Entre um passo ou outro de dança, uma folha voava rumo ao cesto de lixo, as demais descansavam em seus respectivos lugares.
Era um processo de libertação.
Ou de transformação.
Pouco importava.
Era bom e isso bastava.
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