O Bilhete
Atendendo a sugestões alheias e mentais, matar-me tornou-se uma opção interessante. E sendo o último evento da minha vida, deve ser, no mínimo, espetacular, emocionante e sui generis.
Se eu estivesse num elevador e todos os cabos se arrebentassem, eu poderia flutuar numa aparente gravidade zero. Estando com um copo cheio de um líquido qualquer, eu poderia soltá-lo ou virá-lo de cabeça para baixo e ele não cairia nem derramaria seu conteúdo até o momento fatal. Convenhamos, uma experiência de 5 segundos de observação é muito pouco, não dá nem para fazer a cara de puxa-que-interessante.
Se for para cair, melhor seria a queda livre, saltando de avião, mas eu não tenho prática para "planar" na resistência do ar. Com sorte minha trajetória seria tão desengonçada quanto a dos gatos que eu arremessava ao ar quando moleque para ver se realmente caíam sobre as quatro patas – experimente você também arremessar um gato, é bem interessante.
Bala na cabeça, asfixia, comprimidos, corte de veias, tudo isso pode ser bastante agonizante, não é nada do que eu quero para mim. Overdose, para quem nunca experimentou nada além de álcool, está fora de cogitação.
Pode não ser a melhor solução, mas a única forma que encontrei que "prolongasse" o tempo da morte, dando-me chance de curtir a experiência da morte foi uma só: vou morrer bebendo Coca-Cola. Quem sabe, enquanto a morte não chega, eu consiga fazer algo espetacular, emocionante e sui generis no meio do caminho.
"Coca-Cola – Enjoy"
0 comentários:
Postar um comentário