Silêncio
Cuité, 12 de Dezembro de 2007
Oi, Marco,
Eu não sou uma namorada legal. Deu pra perceber, né? Se fosse, estaria conversando face a face com você agora, mas preferi mandar uma carta (nem email foi). Sendo que uma conversa seria muito mais difícil, mesmo você sabendo o motivo dela. Do jeito que está para escrever já está difícil o suficiente. Eu mesma nem sei o que dizer.
Realmente não sei o que dizer.
Você me deu todo carinho que uma mulher precisa, toda atenção que eu sempre quis, foi dedicado, bem-humorado, paciente. Eu não poderia reclamar de nada. Quanto a mim, em algum momento fiquei vazia. Talvez os homens consigam lidar mais com isso, mas para uma mulher, é horrível não sentir nada. Até tentei me apegar às coisas que admirava em você. Mas a verdade é que estou cansada de dizer coisas que não sinto. Só agora tomei coragem para dizer o que sinto. E tudo que sinto é culpa. Culpa por criar essa situação e colocá-lo nela.
Sinto muito.
Perdão por mentir. Mas eu também mentia pra mim mesma. Quantas vezes eu já não olhei pra você, via tudo que queria num homem, lembrava de todos aqueles relacionamentos fracassados e dizia que com você eu não iria fracassar. Eu acreditava que aquilo seria verdade. Mas é difícil dizer coisas que não se sente. Eu queria sentir. Queria amar você com todas as minhas forças.
Fui criativa com as palavras. Mas meu coração não foi criativo.
Se você for me odiar, eu vou entender. Porque já estou me odiando.
Beijos,
Amanda