Hipnos
Lembrou do que disse um amigo "já está na hora de olhar para frente". Lembrou e esqueceu no mesmo instante. Não iria ficar conjecturando se o que ele estava olhando era o passado ou o futuro ou o céu. Aquilo era o agora. Isso bastava.
Beijava-a como querendo engolir-lhe a alma enquanto suas mãos reconheciam o corpo dela. Enroscava-se como uma cobra que encontra no galho sua guarida. Não queria vê-la longe nunca mais. De repente, surge um brilho forte que começa a inundar o ambiente quando, finalmente, percebe que o sol atravessara a janela do quarto, dissipando sua mulher no clarão.
Até quando invadir-lhe-á o sono? Até quando sua presença (ou ausência) seria sentida?
A voz e o riso dela ecoavam por espaços vazios dentro de si, devorados pela saudade.