sexta-feira, agosto 17, 2007

Bio

Tem "um tempinho" desde que fiz meu primeiro implante: o braço esquerdo. Não o perdi por causa de aposta (antes fosse). "Fatalidade profissional" – riscos da atividade forense.

No princípio, relutante, porém, como todos, acabei sendo empurrado para a mesa de cirurgia. Trajeto que se tornou um tanto quanto corriqueiro. A título de exemplo, a mão direita foi substituída três vezes e nem lembro por quantas fui queixando-me de ajustes nos joelhos. A essencialidade dos motivos também modifica-se. Foram bastantes os fatos dos joelhos orgânicos genuflexos, que não me permitiam demorar em pé na Tribuna ou no Júri; das dores lambaris; duma gastrite incurável, etc. Existem lá alguns efeitos colaterais inusitados: vez por outra acordo com as mesmas dores terríveis nos joelhos que me acompanharam durante praticamente toda a adolescência e, na época, o médico costumava dizer que era "de crescimento", como se isso servisse de consolo a quem tinha 12 anos de idade. Ressalvadas certas idiossincrasias, o procedimento hoje é bem tranqüilo. Troquei as últimas partes por artificiais há pouco menos de 50 anos, quando já tinha a certeza de que tudo iria funcionar como se natural fosse.

Não creio que deixei de ser "eu" pelo que perdi do corpo original. Não acredito que minha alma ou meu espírito estavam vinculados àquela massa biológica. Tanto é verdade que ainda guardo, com carinho e saudade, meus cabelos de quando eram compridos junto ao anel que ela me deu, o mais significativo presente que dela recebi.

0 comentários: