domingo, abril 15, 2007

O Máximo

Hoje ele percebeu o que ela representava. Amava-a de um jeito estranho, mutante, impreciso. Se aquilo que sentia pela mulher não fosse "amor", quem importaria o outro nome daria?

Era admirável em inteligência e graça. Motivo para encher a boca e dizer aos mais próximos (e aos estranhos) seus sucessos. Gostava de criar expectativa nos outros em conhecê-la.

Libido, lascívia, talvez a própria loucura, transformavam-na em presa a ser devorada com unhas e dentes ou apreciada lentamente: o aroma particular, o gosto salgado, o corpo quente.

Em outros momentos, ignorava sua força. Via-a frágil. Não suportava vê-la fazendo esforço (mas sabia que quando não estava, ela fazia tudo). Mesmo a irritando, dizia era tarefa dele.

Num dia, ela adoeceu. Mimou-a de todo jeito. Dengos e cafunés. Tratava-a como a uma filha. Mandava tomar os remédios, sair do sereno, comer melhor, não pisar no chão frio... um saco.

Adorava seu colo. Passaria horas ali: sentindo o cheiro do hidratante nas pernas, as mãos macias alisando a cabeça... Foi numa hora dessas que ela disse algo, que só depois de muitos dias ele entendeu: "você é muito egoísta".

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