sexta-feira, maio 19, 2006

A Veja é cega ou o quê?

Certamente ela ver o que quer. Continuando a resposta que começou aqui...

O problema não está no Software Livre, e sim, no software proprietário. Veja bem:

Se entendermos que o software é um texto que será lido e executado pela máquina, mas basicamente um texto, como tal, poderia ser lido por qualquer pessoa que o adquirisse; depois de adquirido, poderia ser doado, jogado fora, copiado e consultado, no todo ou em parte para outros trabalhos no mesmo tema sendo respeitados os direitos autorais fazendo citação da fonte; e, principalmente, seria usada a informação para qualquer fim que o usuário pretendesse. Compare isso com as liberdades do SL e compare com a política do software proprietário.

Se entendermos que o software é uma ferramenta, um instrumento contendo um conjunto de instruções que será executado pela máquina, mas basicamente uma ferramenta, como tal, poderia ser utilizada por qualquer pessoa habilitada a manuseá-la, desde que a adquirisse; depois de adquirida, poderia ser doada, jogada fora; desmontada e desconstruída a fim que de o possuidor entendesse seu funcionamento e pudesse fazer adaptações ou mesmo construísse um outro que suprisse suas necessidades; podendo ser aproveitado no todo ou em parte para outros trabalhos; e, principalmente, seria usada a ferramenta para qualquer fim que o usuário pretendesse. Perceba as semelhanças e diferenças entre as liberdades do SL e as restrições do software proprietário.

Se entendermos que o software é um produto ou serviço de programadores, vendo a produção do software para uma determinada pessoa que o contratou e o suporte técnico como serviço e o resultado acabado como produto, é mais do que justo que sejam remunerados pelo trabalho executado, como em todo lugar do mundo, paga-se pelo que se trabalha, o que não impede-se que haja trabalho gratuito ou serviço não remunerado ou mesmo a doação do produto novo e acabado por livre e espontânea vontade. Mas por cada vez trabalhada é mais do que justo que o trabalhador exija o que é seu por direito, a remuneração. Isso é compatível com o software livre, mas não com o proprietário, que exige licenças de uso como se fosse um direito pessoal indisponível, inalienável e intransmissível.

A lógica por trás do software proprietário é encontrada só nele. Nenhuma obra de arte recebe tanta proteção, tanta restrição ao uso e, diferente da arte, desvaloriza-se tão rápido quanto o software. Nenhuma moeda recebe tanta proteção, tanto cuidado com a preservação e, diferente da moeda, não pode ser usado como moeda de troca. Se houvesse lógica de verdade na informática, o debate sobre o software livre ou proprietário nem sequer existiria.

Nada é mais capitalista do que isso: se um trabalhador não te satisfaz, muda e deixa outro continuando o trabalho do primeiro – isso é possível apenas no software livre. Nada é mais socialista do que isso: se alguém tem um bem que é útil a outrem com quem liberalmente compartilha e auxilia.

Liberdade de usar, gozar e fruir independente do regime e da política adotada, essa é a principal virtude do software livre.