sexta-feira, maio 20, 2005

A gênese de uma magistrada-deusa

Encheu o peito para falar coisas da boca para fora. Naquele momento, só não poderia falar do que o coração estava cheio. Saiu puxando da memória umas frases de efeito, mas ali nada surtia efeito nenhum. Parou. Toda aquela cena era ridícula, sentia-se do tamanho de nada, envergonhada, tonta. Correu. Foi para seu refugio. Trancou-se.

Encostou a testa no espelho. Bufava de raiva de si, dele, da mãe, dos outros, da casa, do universo, da vida. Naquele espelho embaçado, mal reconhecia aquela face desvaidosa ou conseguia lembrar quem era. Abriu a torneira. Molhou o rosto. Melhorou, não muito. Recompôs-se, ou quase.

Contudo, estavam bem frescas na mente as vozes, e ainda sentia o ego pisoteado: 42 do pai, 37 da mãe, 43 do irmão... Sentia-se inútil, burra e incapaz de passar numa porcaria de concurso. Queria morrer ali, e nem podia culpar a droga da TPM.

...vidinha fedida aquela.

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