sexta-feira, abril 29, 2005

Com as chaves na mão

Como eu me odeio! Por que? Por que? Por que? Eu só quero saber por que raios é tão difícil fazer o que é certo e flui tão naturalmente fazer o que é errado? Que porcaria de consciência a minha! A maldita só sabe me acusar. Se faço o certo não recebo louvor, mas o errado... Esse, ela fica me remoendo e torturando! Maldita. Não me deixa uma só vez ser inescrupuloso: eu me dei bem ela se deu mal, acontece ora! Eu me dou mal muitas vezes e ninguém se arrepende por causa disso! E daí que ela não percebeu? Problema dela! Maldita! Maldita! Maldita! Maldita consciência. E eu fico aqui – besta – parado no meio do nada sem poder seguir e sem nenhum pingo de coragem de ir lá pra consertar. Não consigo seguir, nem dar meia volta e confessar. É só abrir o carro e ir embora, palhaço! Abre, idiota! Não dá. Seguir no erro é errar duas vezes. Tenho que voltar. Sou um idiota, mesmo.


– Moça, eu pedi e recebi um Quarterão duplo e você registrou um normal, o preço é diferente, né? (pergunta imbecil, claro que é)
– É, mas deixa pra lá, já passou.
– Não quer registrar a diferença, não?
– Precisa não, deixa assim mesmo.

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