segunda-feira, março 21, 2005

Démodé

"Dá-me a tua mão (saiba que não a devolverei)
Deixa-me ver teu futuro (deixa-me por este anel)
Diz-me apenas um palavra (e que seja afirmativa)
Do que me foi revelado agora (do que planejo para ti)
Dúvidas não durarão e a felicidade não cessará (sim, além da morte!)

Como é tolo o que ama e como é bom ter a quem amar.
Como posso dizer aquilo que sinto se não existe o ser amado?
Como fomos feitos muito mais para sofrer do mal do amor do que para ser objeto dele?
– Nisso também somos a imagem de Deus."


Sonhou um pouco. Lembrou um tanto. Entristeceu muito. Arremessou certeiramente a bola quase poética de um sentimento teimoso na lixeira. Saiu da sala para beber água e, antes de voltar à mesa, pegou de novo a bola. Pensou que seria útil para mostrar a seu filho quando ele atravessasse a mesma crise (mas ele é tão novo, não? Sim, mas vai passar por ela, todo mundo passa). Desamassou e guardou em algum lugar esquecido, anotando a data:

"João Pessoa, 08 de agosto de 1962."

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